Você pode ler ouvindo - Britney Spears - I'm not a girl, not yet a woman
Hoje eu queria você aqui, pra eu deitar minha cabeça no teu colo, olhar o céu azul, ver os passarinhos e ouvir o cântico deles, sentir teu cheiro de casa, seus braços que sempre foram meu lar, abrir a torneira e deixar a água correr, como nunca antes.
Até porque eu nunca fui de me segurar, reprimir meus sentimentos, deixar que o mundo me cale, e os acontecimentos me amordacem.
Eu sempre estive aqui, disposta a cair como os pingos de chuva de fim de tarde ou como uma chuva torrencial no meio da noite.
Sempre fui a melodia do piano ou o solo de uma guitarra, quando eu tinha que ser. Quando eu precisava ser. Eu sempre senti.
Mas, é aquela velha história, os anos pesam, a pressão é como o peso de um arranha-céu nas costas e o mundo vai mastigando todos os nossos sentimentos, a nossa humanidade. E hoje eu preciso vomitar, pôr tudo pra fora, porque eu não aceito mais viver na superfície, olhando o horizonte, quando o meu lugar sempre foi lá.
Eu me afoguei quando eu sempre fui o mar, deixei minhas raízes secarem quando eu sempre fui chuva.
E eu preciso tanto te falar, preciso imensuravelmente de você.
Porque com você tudo está certo, tudo está bem, no seu devido lugar, eu consigo ser eu mesma, e consigo não deixar que o mundo me mastigue e cuspa sempre, todos os dias, a cada minuto, com qualquer pequena coisa.
Porque você tem colo de mãe, irmã, amiga, avó, porque o seu aconchego cheira a paz, porque a metade de mim precisa do inteiro que você é, e a menina que vive aqui precisa olhar nos seus olhos castanhos refletidos no espelho mostrando que tudo bem ser metade, às vezes. Tudo bem ser pequena, fraca, frágil e dependente de vez em quando.
Mas, a parte mais importante é quando seu sorriso me mostra que tá tudo bem em sentir dor, sofrer, mexer na ferida, sentir a dor de estar com a torneira quebrada, e remenda-la só pra que eu saiba que eu também sei ser forte, e me reconhecer nos meus olhos castanhos refletidos no espelho.
Porque a menina que existe em mim, ama ver a mulher que eu sou. Forte e torrencial. Humana, afinal.
A menina que existe em mim adora sentir o horizonte, e saber que aqui sempre foi o meu lugar.