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@ddlovato |
Você pode ler ouvindo Calvin Harris feat. Disciples - How Deep Is Your Love
Before
Talvez
a culpa seja realmente minha mesmo, de ser alguém que sempre sente tudo, e
ainda deixa tantas faíscas em lugares no meu peito desconhecidos por outrem.
Eu
escutei umas coisas fodas sobre mim, sabe, de uma pessoa que estimo muito e eu
nunca imaginei que pessoa x pensasse todas aquelas coisas e de tais formas. O
que dói mais é ouvir isso tudo de uma pessoa que eu achava que me conhecia. Eu queria
arrumar uma desculpa para as coisas que ela disse, sabe, algo como pôr a culpa
no extremo ruim que todo mundo tem... Mas ela permanece invicta, de cabeça
feita, e eu não posso fazer nada para mudar o que ela pensa sobre
mim, porque, na verdade, é tudo sobre como eu realmente sou e como as pessoas me interpretam.
É
como o que você interpreta pode não ser o que a pessoa quis dizer, ou como a
releitura de um mesmo livro... nunca é a mesma coisa.
A
culpa é minha por simplesmente querer algo que me faça sentir viva, como uma estrela
em chamas no meio da noite, ardente e brilhante. Eu
só quero sentir algo, afinal. Esse
é o meu desespero e a minha busca diária e eterna: algo que me faça sentir algo
real, forte e poderoso. Algo que talvez eu nunca encontre em ninguém, somente
em mim mesma.
Porque da mesma forma que só eu sei o que fazer quando meu calo aperta, quando o corpo pede arrego e quando o coração não aguenta o aperto. Eu também sou a única que sabe o gatilho do meu êxtase e glória, isso não se trata de ninguém, apenas de mim, o que eu deixo que as pessoas me causem, o que eu sinto e o quanto deixo que qualquer coisa me abale ou me abrace... Somente eu sei, ninguém mais.
Eu
não costumo me importar com o que as pessoas pensam de mim, nem pedir desculpas
por eu ser como sou – assim, deeper – porque eu não posso pedir desculpas
por ser eu mesma e a pessoa não saber lidar com isso.
Acho
que sou para quem tem coragem. Quem para e me encara. Alguém que eu não
preciso colocar a mão no queixo e erguer o rosto para que ela olhe dentro dos
meus olhos e sinta as chamas na minha pupila dilatada, alguém que não tenha
medo, nem fuja. Alguém que permaneça, mesmo depois de conhecer o meu extremo
ruim também, porque ao contrário do que acham, eu não sou perfeita.
Eu
também erro, e erro feio. Desmonto, quebro, perco uns pedaços, me machuco, me
magoo, eu sou humana, sabe. Mesmo que x continue achando
que eu me pinto e me escrevo como “a tal”, idolatrada e amada por todos, inesquecível
e inquebrável, somente eu sei que, finalmente, eu nem arranho a superfície disso.
Belo
exemplo é essa merda que estou escrevendo querendo achar uma resposta para isso
tudo que tá no meu peito e só eu sei o quanto dói e machuca... o que uma
simples pessoa pode fazer com você.
Inside
Entrei
no banheiro da boate, já meio altinha, e me olhei no espelho, passando as mãos
na extensão no meu cabelo, ajeitando os fiozinhos que estavam exaltados, embora o jeito do meu cabelo combine perfeitamente com minha
personalidade, não é nada sobre eu e meus sentimentos saltitantes essa noite.
Retoco
o batom e tiro o excesso do brilho com o papel-toalha, dobro o papel com a
minha marca e coloco-a dentro da carteira, na minha bolsa.
Me
olho no espelho de corpo e percebo como a minha postura e todo o resto está no seu
devido lugar, seja a saia preta com duas fendas na frente, meus dedinhos dos pés espremidos no salto vermelho, minha
gargantilha dourada, as pedrinhas do meu brinco ou mesmo os meus sentimentos...
Estão todos alinhados, não tem nada fora do lugar.
Quando
eu decidi sair de casa hoje, eu realmente saí de mim um pouco, eu desliguei,
porque ser intensa e entregue da forma que eu sou, pode me deixar em
pedacinhos, às vezes, e eu precisava ficar um pouco off de mim.
Eu
vesti a minha pinta de inquebrável e está tudo bem quando eu estou
completamente vestida, assim, porque ninguém nunca imaginaria... enquanto estou
dançando na pista, viajando na música, fora de órbita e sentindo as luzes vermelhas
quente no meu corpo, que eu estaria como estou. E
não quero falar sobre isso agora, porque eu não quero quebrar aqui.
Dou
mais uma checada no batom, para garantir que não deixei nenhum tracinho fora do
lugar, encaro meus olhos castanhos, coloco meu melhor sorriso e volto para a
pista.
Out
Assim
que entrou na boate, foi pega de jeito pela música how deep is your love, não
demorou muito até ela estar dançando, de olhos fechados, com seu corpo inteirinho
expressando cada pequeno traço.
É
inegável que ela é alguém que vai ser notada, pelo seu jeito espontâneo e seu
sorriso que parece iluminar todo o lugar, o feeling que ela tem com a noite, a
música, as luzes da boate... parece tão mais certo quando ela está.
Seja
sentada no bar, com as pernas cruzadas e seu salto fino desenhando mais a sua panturrilha, enquanto ri alto e bebe Martini, ou dançando no meio da multidão
de pessoas, como se brincasse com seus anos e suas lembranças... mesmo que a
gente nunca saiba, é só que o jeito que ela se move parece estar seduzindo suas lembranças, apenas para expulsá-las na próxima sequência de movimentos.
Uma
das coisas mais verdadeiras sobre as pessoas é que nós, realmente, não sabemos o
que se passa dentro de cada uma, nós nunca imaginamos.
É
notório que ela é linda, perfectly imperfect. E isso tudo é muito sobre ela ser
a estrela da própria história. Ou sobre eu apenas estar imaginando e criando coisas
baseado no que eu vejo.
Então,
ela é linda, ponto.
Tem
um sorriso gostoso que me faz querer estar perto e nunca querer ir embora. Ponto.
E isso é somente sobre o seu sorriso, a gente nunca sabe como funciona o resto,
não é?
Se
fosse para tornar isso um pouco mais sobre mim e o que ela me causa, eu me
justificaria falando de como os detalhes me cativam e como os detalhes dela são
tão perceptíveis e receptíveis.
Seu
jeito de menina brincalhona, suas mãos que não param de dançar junto com seu
corpo, acompanhando a música, como ela se entrega e canta quando toca alguma
música muito boa e que, provavelmente, ela se identifica...
Por
exemplo, eu concordaria se ela me falasse que a música how deep is your love a define,
porque fala sobre intensidade e amor, e essas duas palavras parecem combinar com
ela, como o ritmo da música também e imagino como deve ser sua voz cantando...
não sei, deve combinar.
A
visão de quem está de fora é sempre assim: alguém que sabe pouco imaginando
muito.
E
eu o faço, mesmo assim. Porque eu gostei dela.
Quem
sabe, em algum momento, eu deixo de imaginar e passo a conhecer...
Será
que eu teria coragem?
E
seus olhos... será que eu os encararia ou precisaria de espelhos?
After
Pronto.
Eu assumo que sou antropocêntrica. Fim. Quero dizer: ponto.
Refleti
muito sobre isso enquanto removia a maquiagem e vi as manchas pretas da máscara
de cílios e lápis de olho saírem com a água.
Cheguei
em casa agradecendo a Deus por não ter me deixado desmoronar, cair ou quebrar
qualquer coisa que fosse, dentro ou fora de mim.
Tirei
o salto, sentei, por dois minutos, na latrina e fiz um carinho nos meus pés,
pensando em como a sensação de desconstrução e sair da personagem é
tão revigorante para mim, porque mesmo que me sinta feliz em poder sair e ficar um
pouco off de mim mesma, eu gosto de saber que ainda sou eu aqui, sozinha com todos os meus feelings, e, às vezes, é muito difícil, também sei que não é
só para mim ou somente sobre mim...
Mas
eu penso na minha realidade, em quem eu sou e o que posso fazer para mudar um
pouco o mundo, dentro do meu limite, entende.
Eu
conheço sobre muitos problemas, sejam os sociais, físicos, morais,
sentimentais... penso sobre a dor do passarinho que vi hoje e estava com a asa
quebrada, ou como uma flor deixa de estar viva quando a arranco e ainda assim
ela continua teimosa e bonita, penso sobre as perdas infinitas e variáveis que existem e
eu não conheço nem metade delas, ou como pensar muito na morte da bezerra faz
com que eu acabe criando um vínculo do tipo eu-queria-ter-tido-a-chance-de-fazer-alguma-coisa,
mas você entende que não tenho controle sobre nenhuma dessas
coisas? Elas
acontecem, completamente fora do meu contexto. E eu não posso fazer nada para
mudar isso.
Isso
é sobre abraçar a minha realidade, fazer algo por quem eu sou, o meio em que
vivo e as pessoas a minha volta. Como
aquela garota que estava se segurando para não chorar, ou o senhorzinho que
estava sozinho com várias sacolas pesadas no ônibus, ou o gatinho que estava
ansioso em ter um lugar, ou alguém que precisava ser escutado, ou sobre sentar,
conversar e resolver algum mal entendido, ou se tirar do contexto da história
das outras pessoas e simplesmente aceitar as escolhas que cada um de nós
fazemos, como eu tenho feito as minhas.
Eu
não queria estar escrevendo um texto em que eu preciso provar que eu faço o que
posso dentro da minha realidade e não sou tão egoísta quanto me julgam. Não entendo
porquê me doeu tanto assim tal julgamento, sendo que o que importa é que eu sei
exatamente quem sou, verdadeiramente.
Então,
se eu escrevo muito sobre mim é porque eu sou a única coisa que conheço bem. E se
isso me faz ser alguém egocêntrico ou antropocêntrico, tudo bem. Mesmo. Eu aceito
o adjetivo. Porque
eu gosto de falar do que eu sei, o que eu sinto, e das coisas que lembro, e
quem eu sou é a única coisa que eu tenho autonomia.
Também
não gosto de quando eu escrevo pensando, imaginando, criando cenas, pensando em
como acho que as coisas deveriam ser, acontecer, como deveria ser tão simples
sentir e demostrar... porque isso se trata somente de mim e da minha visão de
ver o mundo, e não há ninguém como eu.
Aceito,
inclusive, que você encare essa última frase com ambiguidade, pode ser o meu
ego e instinto felina falando um pouco por mim, ou somente estou assumindo uma
verdade que é imutável: eu sou única e não posso esperar que as pessoas, pensem
e sintam da mesma forma e intensidade que eu, ou sejam corajosas em admitir o
que sentem, seja na dor ou no amor.
O
fato de eu ser corajosa não quer dizer que eu não possa encorajar as outras
pessoas a me olharem e me sentirem, exatamente como eu tenho feito nos últimos
nove anos.
E
o fato de eu sentir tudo e abraçar o meu pequeno mundo, não quer dizer que eu
seja uma pessoa mais ou menos especial, eu apenas sou. Seja lá o que você acha.
Somente eu sei sobre mim.
E
talvez esse texto nunca tenha sido uma merda, afinal.
Amei.
ResponderExcluirParabéns amor.
<3
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